quinta-feira, abril 02, 2009

CARTÃO DE PONTO

* A experiência de cartão de ponto em O Globo.


Ponto x notícia

Uma longa tradição do jornalismo foi rompida. Por exigência do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, ontem, pela primeira vez, repórteres, redatores, fotógrafos, diagramadores e editores assistentes assinaram ponto, ao entrar e ao sair da Redação, medida que criou polêmica e exigiu muitas reuniões. Todo jornalista sabe que notícia não tem hora para acontecer e, portanto, longas horas de trabalho nos dias em que o mundo parece que vai cair eram compensadas por folgões, quando a paz é restaurada na cidade, acaba a Copa do Mundo, ou terminam as eleições.

O ponto começa em plena época da internet, quando jornalistas não precisam mais estar na Redação para trabalhar, por ter à disposição notebooks e celulares para mandar notícias e fotos de onde estiverem. Em Brasília, por exemplo, a maioria dos repórteres da sucursal é de setoristas no Palácio do Planalto, nos ministérios, no Congresso ou no Banco Central. Vão direto de casa para o trabalho, lá mesmo escrevem suas matérias e as enviam para a Redação pela internet.

“Jornalismo do tipo bom é tudo aquilo que acontece fora da hora. O resto é entrevista coletiva.

Press release, informação de assessoria de imprensa. Declaração ditada pelo ministro.

O tédio e o nariz de cera”, escreveu Joaquim Ferreira dos Santos, a propósito do ponto, na sua crônica de segunda-feira.

Os jornais “Extra” e “Expresso”, da Infoglobo, também iniciaram a tomada do ponto. Num primeiro momento, será manual e servirá como experiênciapiloto. Os jornalistas assinarão o ponto indicando a hora de entrada e de saída da Redação.

O teste permitirá identificar demandas e avaliar a melhor maneira para o acompanhamento da jornada. O modelo definitivo será implantado em dois meses — diz EDNÉA MARQUES, gerente de Serviços de RH .

Algumas editorias, como a Rio, alteraram horários para tornar mais eficiente a troca de quem estiver na rua e precisar voltar para escrever sem ultrapassar suas horas de trabalho. Outra novidade é a jornada: em vez das sete horas, os jornalistas vão ficar oito horas na empresa — uma hora será dedicada, como determina a lei, para almoço ou descanso remunerado.