sexta-feira, dezembro 12, 2008

"Qualquer jornalista feliz e apaixonado pelo seu trabalho vai produzir notícias melhores":



Mark Deuze acredita que "qualquer jornalista feliz e apaixonado pelo seu trabalho vai produzir notícias melhores":

Mark Deuze reconhece que muitas plataformas estão a emergir na web e muitas têm um carácter inclusivo, desafiando as características do jornalismo tradicional.

Inicialmente, quando as organizações noticiosas passaram para o online, ou colavam o material da edição do meio tradicional sem pensar, ou faziam outsourcing de uma redacção localizada longe da redacção “original”.

O resultado disto, diz Mark Deuze, é que, nos últimos 5-10 anos, essas redacções online desenvolveram culturas próprias, muitas vezes opostas às culturas dos colegas do meio tradicional.

Mark Deuze afirma que há 6 ou 7 anos, previam-se vários futuros para os novos media:

- mais do mesmo (informação geral para público geral com interesse geral), porque as coisas não mudam rapidamente
- a possibilidade de a natureza da internet permitir dar notícias específicas para público específico de interesse específico, porque a Internet permite aos jornalistas saberem o que a audiência queria
- “jornalismo dialógico”, quando o jornalista pensa que o seu papel jornalista é igual ao papel de alguém da comunidade que ele serve. É o jornalista entrar numa conversação com a sociedade ou a comunidade, na vez de decidir o que aquelas pessoas vão saber.

Mark Deuze fala numa das novas tendências, o jornalismo “hiperlocal”, que desenvolve notícias para uma comunidade muito específica ou, por vezes, é a própria comunidade gere essas notícias.

Hoje vêem-se grandes exemplos de jornalismo como conversação (como o WikiNews), diz Mark Deuze, e também de participação dos cidadãos (como o Yo Periodista, do El País, entre muitos outros), mas em sites separados. Isto é, o jornalismo abraça cautelosamente a participação, não a associando completamente ao meio “original”.

O especialista holandês alerta para o aumento dos despedimentos no jornalismo e para a mudança do poder cultural, que passa do jornalista empregado para o seu empregador. E “encoraja os jornalistas a criarem alianças com os colegas e com pessoas específicas da comunidade, para produzir em conjunto”, declara.

Mark Deuze faz um apelo: “Talvez devêssemos parar de investigar e apoiar jornalistas que trabalham para grandes organizações. Devíamos olhar para o mais inovador e original jornalismo”, como o ProPublica, nos EUA. “Precisamos de jornalistas, mas, eventualmente, não os inseridos nas das grandes organizações noticiosas“, acrescenta.

“O desafio primário deste ecossistema com um meio único é a gestão”, considera. A indústria que tem futuro hoje é a “small-skill industry”, continua o especialista holandês, que precisa de pouco dinheiro para funcionar.

Mark Deuze acredita sinceramente que “qualquer jornalista feliz e apaixonado pelo seu trabalho vai produzir notícias melhores e mais relevantes para a comunidade” e aconselha sempre os seus alunos a “não tirarem cursos que os façam empregados de uma organização noticiosa, mas sim que os façãm criar o seu próprio projecto”.


FONTE : I Congresso Internacional de Ciberjornalismo

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