sexta-feira, dezembro 12, 2008

“Tendências do Jornalismo para a Emergente Sociedade em Rede”


Rosental Alves, professor na Universidade de Austin, Texas, acredita que esta nova sociedade ainda não tem um nome definido. Manuel Castells chama-lhe “sociedade em rede”, diz. E, apesar de a “revolução digital” já influenciar a política, economia e toda a sociedade, há dificuldades em receber a mudança, há “jornalistas revoltados”.

Pela primeira vez na História, o dispositivo que recebe também começa a emitir. A tecnologia digital derruba fronteiras entre os meios e todos passam a ser multimédia, tal como a ideia de periodicidade fixa se torna obsoleta (porque a informação é instantânea e está sempre disponível na Internet), explica Rosental Alves.

Segundo o professor, os media tradicionais já estão a perder poder e controlo e há três mudanças fundamentais:

- redes activas substituem ou convivem com audiencias passivas
- meios multimedia substituem ou convivem com meios monomedia
- ruptura da periocidiade tradicional das entregas informativas

Daí que a ruptura nos modelos de negócio seja inevitável.

O jornalismo, segundo Rosental Alves, deixou de ser monopólio do jornalista, “quer queiramos quer não, por muito que professores, estudantes e jornalistas protestem”. Antes, para ser jornalista era necessário um meio tradicional porque não havia audiência noutro sítio, mas hoje já não existe essa barreira.

Os produtos fechados abrem-se à participação do público, transformam-se em serviços abertos. “Publicar uma notícia não é mais o fim de um processo”, reitera Rosental Alves, que acredita que os jornalistas estão a aperceber-se que “não pode estar à margem da grande conversação da Sociedade em Rede”. O público não só reage à notícia como ajuda na sua construção (corrigindo erros, sugerindo adendas).

Os blogs tornam-se pequenas empresas de media, com grande audiência e que chegam a fazer publicidade para meios noticiosos gigantes como o New York Times e existe também o jornalismo agregado ou “de curadoria”. Hoje, os jornais fazem links para outros media, embora ainda “timidamente”, diz Rosental Alves, porque os media mostram versões diferentes do que está publicado no seu site online, em vez de coisas que acrescentem ao que o site publicou.

Há também uma ascenção de jornalismo sem fim lucrativo e novos modelos de negócio, já que as pessoas se apercebem, nos EUA, que não se podem dar ao luxo de perder os jornais. Daí que floresçam projectos como o Spot.us e que os jornais sem fins lucrativos que dependem da comunidade para financiar a sua actividade, como o Voice of San Diego.

Esta “revolução digital”, diz Rosental Alves, é “uma reconstrução que não respeita fronteiras”.

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