A Repórter Renata Cafardo publicou no Blog dela os bastidores da reportagem que levou o Ministério da Educação a cancelar a prova do Novo Enem .
Abaixo, trechos do post dela.
Mas antes, gostaria destacar o que podemos aprender com esse furo de reportagem. Primeiro, ela ouviu que tinha algo a dizer. Por vezes, repórteres, produtores, estagiários não tem paciência em ouvir. Seja alguém que faça uma visita pessoalmente, seja alguém que liga para redação.
Segundo, o cuidado na apuração da veracidade ou não do material que ela tinha em mãos. Lembro que o jornalista Boris Casoy disse uma vez em entrevista: "Prefiro perder um "furo" a noticiar algo errado. Em tempos de internet e Tempo real fica cada vez mais difícil ter paciência.
E por fim, boa memória.
Meu telefone fixo tocou por volta das 15h30 de ontem e uma voz tremida do outro lado confirmou meu nome completo e avisou que queria falar sobre o Enem. Já havia recebido mais cedo um recado de alguém estava interessado em vender o gabarito da prova, que seria realizada por 4,1 milhões de alunos no fim de semana.
O homem disse pouco, preferia não falar ao telefone e queria um encontro ao vivo. Mas avisou que o que ele tinha era a prova toda, as 180 questões dos dois dias, já impressas. Eu falei que tinha interesse em verificar a veracidade do material e então marcamos para as 19h15 em um café perto do jornal.
A direção decidiu que eu fosse acompanhada de duas pessoas e então o editor do Ponto Edu, Sergio Pompeu, e o fotógrafo Evelson de Freitas, foram escalados para isso. Sentamos os três no café e esperamos. Não sabíamos nome algum ou rosto de quem procurar, mas um dos informantes chegou primeiro e nos identificou. O outro chegou poucos minutos mais tarde, com uma pasta cheia de papéis.
Segundo eles, o material tinha sido vazado por alguém em Brasília, no Inep/MEC. Eu pedi para ver a prova e eles a colocaram, sem cerimônias, na mesa do café. Estavam lá os logotipos do governo federal, das empresas contratas para organizar a prova, do Inep. Ao folhear a prova, não acreditava no que via. As questões tinham o perfil do Enem, um exame que cobra competências e habilidades, usa temas cotidianos. Vi lá tiras da Mafalda, do Garfield, trechos da Canção do Exílio e de uma reportagem da revista Veja. Tratei de decorar o máximo de questões possíveis.
Post completo no Blog da Renata Cafardo
FONTE: Blog da Renata Cafardo
Um comentário:
Excelente o seu blog, muito boas as dicas.
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